sábado, 21 de janeiro de 2012

MÃE FRIA

Continuando ao meu relato sobre uma mulher que não sabe o que é amor, é a única justificativa que encontro para tentar entender o motivo de tanta frieza.


Durante todos esses anos o meu sentimento para com ela é de MEDO, REPULSA. Uso isso como escudo para evitar qualquer aproximação dela de mim. Quando ficamos perto uma da outra somos estranhas totalmente diferentes. Como se eu não mais reconhecesse ela como minha mãe.


Adoeci poucas vezes e uma delas mais marcante foi essa: tive verminose forte aos meus 11 anos de idade, no qual fiquei entre a vida e a morte, nenhum medicamento que era ministrado fazia efeito, foi necessário uma sonda e cirurgia emergencial para retirar todos os parasitas que insistiam em permanecer em meu intestino. Tive febres muito altas e convulsões. Meus estudos foram prejudicados. E minha mãe em relação a isso? Nada. Simplesmente ficou na dela como se o meu risco de morte não representasse nada para ela.


Em seus aniversários ela não ficava feliz como todos os aniversariantes ficam. Simplesmente não queria festa nenhuma contrariando as vontades de meu pai, acaba aceitando, mas não demonstrava interesse em nada em sua festa. Meu pai sempre adorava receber amigos e parentes em sua casa, mas, não tinha clima algum de paz para deixar o ambiente mais receptível.


Eu fazia questão de esconder meus sofrimentos para que ninguém notasse nada. Então eu me isolava, usei o silêncio como proteção para mim. Era assim na escola, nos lugares onde ia com meus pais, em casa de parentes e amigos de meu pai, enfim com todos em minha volta. Eu ia falar o que? Que assunto ia conduzir?


Ela simplesmente não gostava que eu conversasse com ninguém, me mandava ficar calada. Todos logicamente percebiam a hostilidade de minha mãe comigo, entreolhando com as pessoas ali presentes. Eu, morria de vergonha e de humilhação, tinha ímpetos de agredí-la ou de sumir mesmo dali o mais rápido possível.


Às vezes, pedia para que eu aceitasse a condição de não ter mais mãe em minha vida. Eu ser mãe de mim mesma. Porque aquela mulher fazia de tudo para não ser minha mãe mesmo. Sua obsessão era tanta que tornava insuportável, me afastando de todos que se aproximavam de mim, parecia até que eu tinha doença contagiosa.


Isso sem contar em relação às crianças que gostavam de mim me puxando para brincar com elas. Eu amava aquele momento de brincar com elas, de dar atenção devida, carinho que nunca tive de minha mãe e me alimentar disso com as criaturinhas dóceis sem malícia alguma. A partir de então, criei dentro de mim um lado infantil, dócil, inofensivo para que eu suportasse toda brutalidade e frieza de uma mulher que me pegou para criar.


Nunca me incentivou, nunca me deu carinho, atenção que eu precisei a vida toda. Nos meus piores momentos, nunca sequer me disse palavras de consolo, positivas para que eu buscasse as soluções.


Sempre com palavras rudes, me hostilizando, me humilhando, me colocando para baixo, me agredindo verbalmente. Fazendo com que eu me afastasse cada vez mais dela ao invés de me aproximar.  Sempre senti medo dela, muito medo mesmo. Tinha vezes que eu tinha medo da minha própria sombra, já que ela tentou me matar quando tinha 8 anos de idade.




A solidão sempre foi minha amiga, companheira e o travesseiro o ombro amigo porque não tinha um por perto de carne e osso. Minhas lágrimas de dor diariamente caindo em meus olhos eram rotineiras, não tinha um dia que não chorasse por não ter uma mãe de verdade carinhosa e amorosa.



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